O Telefone Preto é um filme que mistura suspense e terror com uma forte carga emocional, abordando temas como perdas, traumas e a comunicação com o além. Mas, além da narrativa tensa, ele também nos oferece uma oportunidade de pensar sobre as ligações entre o mundo físico e o espiritual. Sob uma perspectiva espiritualista, como interpretar os eventos sobrenaturais que acontecem ao longo da trama?
{getToc} $title={Nesse post...}
Imagem: DALL-E |
ATENÇÃO: Apenas prossiga nessa leitura caso já tenha assistido o filme, pois o post contém SPOILERS!
Tema Principal do Filme
No centro da história, acompanhamos Finney, um garoto sequestrado que se encontra preso em um porão. No local vemos um colchão, uma janela pequena e um telefone preto estilo público - com o cabo de comunicação cortado, obviamente.
O telefone preto, aparentemente desconectado, começa a tocar, e Finney percebe que as vozes do outro lado pertencem às vítimas anteriores do sequestrador. Essas vozes oferecem conselhos cruciais para ajudá-lo a sobreviver.
Para além do suspense, no decorrer do filme, deparei-me com questões intrigantes: o que essas vozes representam? Elas seriam resquícios, como memórias residuais do que ocorreu naquele lugar? Ou uma conexão com a energia daqueles que partiram, mas ainda têm algo importante a realizar?
Onde assistir?
- Assista na Netflix.
- No Prime Video, tem opções de aluguel e compra, você pode ver aqui.
- No catálogo da Claro TV+ também está disponível.
- Acesse também na Apple TV+
De onde surgiu a inspiração para o filme?
Imagem: Divulgação |
Se você se interessou e gostaria de ver o livro com o conto original, tem ele aqui!
O filme estreou em 2021, mas foi ao chegar na Netflix em 2024 que muitas pessoas tomaram conhecimento dele — inclusive quem escreve — chegando nos top 10 da plataforma.
De acordo com o site Adorocinema, uma das vítimas descritas (em parte) foi baseada em fatos reais, inclusive tendo um documentário próprio chamado Who Took Johnny.
Conexões para o além
Sabemos que os espíritos podem interagir com os vivos de diversas maneiras, mas é especialmente quando precisam transmitir mensagens ou ajudar de alguma forma que surge uma ajudinha do além.
Antes de começar, é bom reforçar: essa visão é apenas uma interpretação possível, inspirada por reflexões espirituais. Cada pessoa pode enxergar o filme de maneiras diferentes, e essa diversidade de olhares é o que enriquece o assunto em torno do filme! Dito isso, vamos prosseguir...😊
O telefone preto então pode ser visto como uma metáfora para a mediunidade: a habilidade de Finney de ouvir as vozes reflete o papel do médium como intermediário entre os dois mundos.
Em O Livro dos Médiuns, Kardec explica:"Os espíritos podem se comunicar com os vivos para transmitir conselhos, advertências ou pedidos de auxílio. Essa comunicação deve sempre ser guiada por propósitos elevados e nunca por mera curiosidade. Também adverte que todos os espíritos podem se comunicar com aqueles com quem têm afinidade, deixando claro que é essencial saber discernir."
Essa visão ressoa diretamente com as interações entre Finney e as vozes, que buscam protegê-lo e ajudá-lo a escapar.
O soar do telefone, todos ouvem?
Na vida real
Imaginemos que a situação de comunicação com o além, tal qual no filme, fosse através do telefone quebrado, você acha que ele soaria o toque? E se você pensou que o telefone realmente tocaria, saiba que podem existir duas possibilidades!
1. Quando uma comunicação espiritual envolve efeitos físicos (como sons audíveis por todas as pessoas presentes, movimento de objetos ou toques em superfícies), ela se manifesta no plano material.
Para esse caso em específico, é necessária a presença de um médium de efeitos físicos. Em tal situação, o alerta de chamada do telefone seria audível a todos, independentemente de serem médiuns -desde que tenha um-, porque o som foi produzido de forma objetiva, ou seja, no ambiente físico.
Se você ficou curioso sobre o assunto, poderá ver mais no Livro dos Médiuns, itens: 60 a 64, pode adquirir ele aqui.
2. Numa outra perspectiva, se a comunicação for puramente espiritual ou mental, o som poderia ser uma percepção criada pelo espírito comunicante diretamente no pensamento do médium.
Nesse caso, apenas o médium ouviria o alarme, já que o fenômeno ocorre no campo psíquico, não no físico.
Em médiuns sensitivos as vozes se manifestam na mente, já nos auditivos as vozes são escutadas como se houvesse realmente uma pessoa ao lado do médium falando diretamente a ele. Já aconteceu com você, escutar algo que somente nós escutamos e mais ninguém?
Veja mais no Livro dos Médiuns, nos itens: 151, 164 e 165.
A questão do telefone ser ouvido na trama
No filme, Finney é a única criança que conseguiu escutar o telefone tocar, não ficando claro o porquê.
A conclusão mais lógica é de que ele também tem algum tipo de dom, igual a sua irmã Gwen. Porém, é explicado no conto, que as crianças teriam de ficar um certo tempo (vivos) até que conseguissem ouvir o telefone e as vozes do outro lado da linha, o que não aconteceu com os outros pelo tempo reduzido em que foram mantidos, ao contrário de Finney, que ficou o tempo considerável para começar a perceber o contato.
E não sei se você notou, mas inclusive o vilão escuta o telefone tocar, deixando margem a outras possíveis interpretações, talvez ter passado pela mesma situação em que agora faz as crianças passarem... Em uma situação real, vale lembrar que inclusive os maus podem ser médiuns.
Sonhos da Gwen
Definitivamente essa personagem roubou a cena, pelo menos na minha percepção. A irmã de Finney, Gwen tem um dom incrível herdado da sua mãe - que me fez lembrar muito da personagem Allison da série Médium - , mas vistos dos olhos de seu pai é algo detestável.
Trazendo o tema religião a trama, ela faz questão de se agarrar ao seu lado devoto, criando um contra ponto à imagem demoníaca que o sequestrador faz através de sua máscara. E por falar em personificação de obsessor... Se você é fã de filmes sobrenaturais e de Funko, vai adorar saber que existem várias versões do Grabber e você pode conferir ele aqui! - só é uma pena não ter do Finney ou da Gwen -
{getButton} $text={Ver na AMAZON} $icon={cart} $color={Hex Color} |
Lembra daquela cena em que Gwen se frustra ao não conseguir receber informações úteis que a ajudem a encontrar o paradeiro do irmão? É um momento intenso e muito humano, em que ela, assim como muitos de nós em algum ponto da vida, expressa sua irritação até mesmo com o Alto. Essa reação não apenas adiciona profundidade à personagem, mas também traz um toque de alívio cômico para a trama, aliviando um pouco a tensão de um enredo tão denso.
Se trouxermos essa personagem para a realidade, notamos 3 tipos de mediunidade que podem ser atreladas a ela: a mediunidade de vidência, a sonambúlica e a intuitiva.
1. A mediunidade de vidência é aquela capaz de ver os espíritos tanto acordado quanto com os olhos fechados, pois essa clareza se dá através da alma e não do físico. Podemos notar em várias cenas, como a exemplo a que ela está andando de bicicleta na chuva procurando pela casa e vê todos os garotos mortos parados na rua lado a lado.
2. Sobre a mediunidade sonambúlica podemos ver expressamente na cena em que ela está no carro ao lado do espírito de Vence e que mostra os fatos ocorridos. Nesse tipo de mediunidade a pessoa consegue conversar com os espíritos e eles conseguem inclusive transmitir seus pensamentos.
3. Mediunidade intuitiva é aquela que todos os médiuns têm, ela se demonstra por arrepios e impressões sobre as circunstâncias e pessoas. Essa comunicação ocorre sutilmente, muitas vezes sem que o médium perceba plenamente que está sendo influenciado.
Além dos sonhos, Gwen parece receber revelações ou orientações que não são originados de seu próprio raciocínio consciente. Isso pode ser classificado como mediunidade intuitiva, em que o médium capta pensamentos ou mensagens transmitidos por espíritos.
Para refletir...
Parece um pouco clichê, mas um ponto poderoso da história é como Finney aprende a confiar em si e nas orientações recebidas — tanto na questão pessoal, tal qual como médium. Isso reflete a ideia espiritualista de que, mesmo diante de dificuldades extremas, temos o potencial de crescer e superar, com o apoio tanto do plano material quanto do espiritual.
Você deve ter notado como a cada orientação, aparentemente sem sentido ao longo do enredo, ao final descobrimos um plano bem detalhado e estratégico?
As vozes agem como verdadeiros guias — mesmo não sendo nada análogos — orientando Finney a encontrar sua força interior e superar o perigo. Penso que assim como eles, cada espírito com sua personalidade e faixa de compreensão são orientados por uma força maior que orquestra, de modo supremo, o melhor caminho a seguir para a melhor superação evolutiva.
Conclusão
“O Telefone Preto” é um bom filme? Na minha opinião é um ótimo filme, inclusive entrou para a minha lista pessoal de melhores filmes sobrenaturais! E apesar de trazer um assunto pesado, constrói uma narrativa que, sob a ótica espiritualista, nos convida a pensar sobre as conexões entre os mundos físico e espiritual.
Unidos por um único objetivo, até mesmo a aparente barreira da morte é deixada de lado. Indo além por um instante, quem sabe ainda teremos um dispositivo que faça essa conexão entre lá e cá sem o auxílio da mediunidade...
Deixo algumas perguntas reflexivas para você que lê essas palavras... Assim como no filme, como você encara essas conexões? Será que estamos abertos a ouvir as mensagens que o universo (e os espíritos) podem estar tentando nos enviar através do telefone preto?
E, o que achou de O Telefone Preto? Teve alguma interpretação diferente sobre os eventos do filme? Se gostou, compartilhe este post com alguém que também ama filmes com aspectos espirituais!